Começa amanhã ciclo de filmes de Margarida Cardoso na Malaposta

13 MAIO – 21H30 – AUDITÓRIO – Abertura do Ciclo

 YVONE KANE >Ficção, Moçambique, Portugal, Brasil, 2014, 117′

Com Beatriz Batarda, Irene Ravache (Brasil), Samuel Malumbe (Moçambique), Gonçalo Waddington, Mina Andala, Adriano Luz, Óscar de Brito, Maria Helena (Moçambique), Herman Jeusse (Moçambique), Francilia Jonaze (Moçambique), Mário Mabjaia (Moçambique), Iva Mugalela (Moçambique), Susan Danford (África do Sul)

Depois da perda da sua filha, Rita (Beatriz Batarda) volta ao país africano onde viveu a sua infância para investigar um mistério do passado: a verdade sobre a morte de Yvone Kane (Mina Andala), uma ex-guerrilheira e activista política. Nesse país, onde o progresso se constrói sobre as ruínas de um passado violento, Rita reencontra a sua velha mãe, Sara (Irene Ravache), uma mulher dura e solitária que vive ali há muitos anos. Enquanto Sara vive os últimos dias da sua vida procurando um sentido para os seus actos passados, Rita embrenha-se num território marcado pelas cicatrizes da História e assombrado por fantasmas da guerra, procurando o segredo de Yvone. Mas todos os caminhos parecem levá-la à revelação da impossibilidade de redenção e ao esquecimento.

14 MAIO – 21H30 – SALA DE CINEMA

A COSTA DOS MURMÚRIOS >Ficção, Portugal, 2004, 120′

Com Beatriz Batarda, Filipe Duarte , Mónica Calle , Adriano Luz , Luís Sarmento

No final dos anos 60, Evita (Beatriz Batarda) chega a Moçambique para casar com Luís (Filipe Duarte), um estudante de matemática que ali cumpre o serviço militar. Evita rapidamente se apercebe que Luís já não é o mesmo e que, perturbado pela guerra, se transformou num triste imitador do seu capitão, Forza Leal (Adriano Luz).

Os homens partem para uma grande operação militar no norte. Evita fica sozinha e, no desespero de tentar compreender o que modificou Luís, procura a companhia de Helena, a mulher de Forza Leal. Submissa e humilhada, Helena (Mónica Calle) é prisioneira na sua casa onde cumpre uma promessa. É ela quem revela o lado negro de Luís…

Perdida num mundo que não é o seu, Evita apercebe-se da violência de um tempo colonial à beira do fim.

Um tempo de guerra, de perda e de culpa.

15 MAIO – 21H30 – SALA DE CINEMA

KUXA KANEMA: O NASCIMENTO DO CINEMA >Documentário, Portugal, França, Bélgica, 2003, 52′

A primeira ação cultural do governo moçambicano, logo após a independência, em 1975, foi a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC). O novo presidente, Samora Machel, tinha especial consciência do poder da imagem e de como utilizá-la para construir uma nova nação socialista.”Kuxa Kanema” quer dizer o nascimento do cinema e o seu objetivo era: filmar a imagem do povo e devolvê-la ao povo. Mas hoje a República Popular de Moçambique passou a ser, simplesmente, República de Moçambique. Da grande empresa que foi o INC não sobra quase nada. Destruído por um fogo em 1991, só restam do edifício as salas e os corredores abandonados, onde alguns funcionários esperam pacientemente a reforma. Num anexo, apodrecem, esquecidas, as imagens que são o único testemunho dos onze primeiros anos de independência, os anos da revolução socialista.

16 MAIO – 21H30 – SALA DE CINEMA

NATAL 71 >Documentário, Portugal, França, Bélgica, 2000, 52′

Com Adelino Cardoso, João Maria Pinto, Manuel Carlos Pinto, Luís Alcobia, Florbela Queiroz, Francisco Nicholson, Rogério Samora (excertos de “Os Cus de Judas” de António Lobo Antunes).

Natal 71 é o nome de um disco oferecido aos militares em guerra no Ultramar português nesse mesmo ano. Cancioneiro do Niassa é o nome que foi dado a uma cassete áudio, gravada clandestinamente por militares ao longo dos anos de guerra, em Moçambique. Era o tempo em que Portugal era um grande império colonial – pelo menos era o que eu lia nos livros da escola – e para que assim continuasse, o meu pai e grande parte da sua geração combateu nessa guerra, que durou treze anos. Hoje transportamos, em silêncio, essas memórias. Olho para trás e tento ver. Em casa do meu pai encontrei algumas fotografias, a cassete e o disco. A cassete é uma voz de revolta, o disco é uma peça de propaganda nacionalista. São memórias de uma ditadura fascista. Memórias de um país fechado do resto do mundo, pobre e ignorante, adormecido por uma propaganda melosa e primária que nos tentava esconder todos os conflitos, e que nos impedia de pensar e de reconhecer a natureza repressiva do regime em que vivíamos.

Sessão especial Yvone Kane com Gonçalo M. Tavares e Margarida Cardoso

Amanhã à noite, o Espaço Nimas recebe uma sessão especial de ‘Yvone Kane’ com
Gonçalo M. Tavares e Margarida Cardoso à conversa sobre o filme e… o que vier a propósito.
3 março, 3ª feira, no final da sessão das 21.30.

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Tomorrow evening, Nimas hosts a special screening and public talk of director Margarida Cardoso and Gonçalo M. Tavares. A talk on Yvone Kane and … whatever comes by the way.
March 3rd, 3rd Monday, at the end of the session of 9:30PM.

“Of Beauty and Consolation”/ interview with John M. Coetzee

I think there is an explanation for this affinity that transcends the literary relationship, and that I think has to do with the melancholy and anxiety of the search. We seek, tirelessly – like the character, Rita – an answer to something that has no answer… because that answer is contained in the mystery of beauty and of life (and death). In the film, Rita, grieving the loss of her daughter, embarks on a quest for the ‘truth about the death of Yvone Kane’. At bottom, it is that searching that makes her survive. Yvone, or what is left of Yvone in the fallible and ambiguous idea of memory in everyone that Rita meets along the way, is a metaphorical pretext for that never-ending search. It is, at the same time, an expression of the impossibility of fixing evil… of repairing the irreparable.” – Margarida Cardoso

(Interview with one of Margarida Cardoso’s inspiring writers, John M. Coetzee)